segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Coluna Ágata Desmond - Múltiplo # 11

Olá! Falar das histórias em Quadrinhos é algo que me dá prazer! Ainda mais porque eu acompanhei o crescimento de artistas iniciantes que se tornaram verdadeiros mestres dos quadrinhos nacionais. Em meados de 67 por exemplo, eu vivia na redação de Horley Chiodi. Ele era dono da “O Livreiro”, que ficava no Brás (em São Paulo). Edmundo Rodrigues tinha passado a trabalhar para a Editora e me chamou para letreirar revistinhas. Foi uma experiência única. Era muito trabalho. Eu ainda ajudava nos correios, no setor de cartas enviadas para redação. Nessa época pude receber cartas de desenhistas que estavam começando e que hoje se tornaram grandes mestres dos quadrinhos nacional.
Entre todos que escreviam, estavam os irmãos Portela pedindo orientação ao artista sobre suas técnicas de sombreados e de Nanquim. Hoje vejo todos esses como verdadeiros vencedores de quadrinhos.
Tive a oportunidade de conviver om Sérgio Lima, que trabalhava para o Miguel Falcone Penteado. Estive na casa dele em São Paulo e pude ver na cozinha uma mesa muito grande, de um lado papéis de desenho e do outro lado, desenhos prontos. Curiosa, perguntei: - você desenha aqui e corre para o outro lado para colocar letras?
A mãe dele logo respondeu:
- Eu sou a letrista dele!
Achei bacana! A dupla de mãe e filho desenhando e letreirando juntos. Na editora Gep tive a oportunidade de conhecer muitos artistas que frequentavam todos os sábados um barzinho, no Lava pés. Estive na casa do Jayme Cortez, em São Paulo, na Peixoto Gomide. Ele morava numa elegante casa nos Jardins. Estive lá num jantar. Ele elegantemente me mostrou sua casa e o que me deixou espantada foi que ele tinha construído um estúdio no segundo andar, bem no alto da escada.
São Paulo era ladeado das maiores editoras do país: Gep, Estevão La Selva, Taika, O Livreiro e outras! Manoel Cassole era um dos mais importantes da Taika, o que contratava os artistas. Os três números da Revista Irina Bruxa, um dos Ícones dos quadrinhos, foi publicada lá. A história é de uma bruxa que, ao ser caçada para morrer, se refugia na tela de um pintor. Tempos depois, numa galeria de quadros, onde dois jovens saem à procura de um tema para monografia, o rapaz sente-se atraído pela tela... quando percebe que dois olhos na tela pairavam fixos sobre ele. Desesperado o jovem fica relembrando os olhos. Não conseguia esquecer! Ele resolve então pesquisar para saber quem era a mulher da tela e descobre a Irina, A Bruxa, que prende o jovem em encantamento com danças e rituais macabros até transmigração de alma. Realmente surpreendente!!!!
Ela realmente afrontou na ditadura militar, as mulheres de 1964 não andavam assim!
Lembro também que, naquela época, não costumavam assinar as revistas, pois os artistas tinham medo de serem presos durante o período da censura (ditadura Militar), foi um período muito difícil, faltava até papel para imprimir as revistas. O carrasco também foi publicado lá, na Taika, e com sucesso. Foram apenas também 03 números, pois os editores tinham que substituir as revistas nas bancas quando a Polícia Federal dava "batida" para confiscar as revistinhas que não estavam de acordo com os códigos de publicação da época.
É.… foi realmente um tempo maravilhoso. Ainda hoje, quando me lembro do que vivi, vi e ouvi, quando me lembro das pessoas importantes, dos mestres com quem convivi, Sempre chego à mesma conclusão: que sorte eu tive! Afinal, eu vi a história dos quadrinhos sendo contada por personagens que hoje são verdadeiras lendas.

Ágata Desmond
Presidente da ABRAHQ

Entrevista Invertida com
LUIZ GUSTAVO M. PEREIRA


Um fato inusitado aconteceu comigo esta semana. Após uma longa jornada de 12 horas de trabalho, resolvo passar na barraca de lanches de um velho amigo para repor as energias. Nada daqueles sanduiches de qualquer loja de rede fast food. Os lanches dele vinham sempre com um mínimo de 15cm de altura e recheado de acompanhamentos.
Estava lá eu, sentado à mesa, pronto para dar a primeira mordida quando uma mulher se senta na minha frente. De início me alarmei, mas a situação ficou ainda mais estranha quando um homem baixo se sentou ao meu lado esquerdo e um outro mais alto se acomodou na cadeira da direita. Por incrível que parecesse, eles me eram estranhamente familiares. A mulher, alta e com cabelos ruivos, vestia blusa e calça jeans. O homem baixo estava usando um casaco preto e barba por fazer. E o homem da direita parecia um ator de cinema, loiro, musculoso e de boa aparência. Após um breve silêncio a mulher começou a falar:
- Precisamos falar com você. Sabe quem somos?
- Não estou me lembrando... - arrisquei.
- Somos sua criação. Estamos aqui para descobrir como... estamos aqui!
Um turbilhão de possibilidades invadiu minha mente. Eles eram meus personagens? Como era possível? Fiquei estarrecido e não sabia o que pensar!
- Estamos aqui por sua causa. - Disse o loiro.
Admirado e sem saber como reagir, olhei para a mulher e perguntei bastante desconfiado:
- Qual seu nome?
- Você sabe quem eu sou. Tuna.
Simples assim. Olhei para o loiro e, rapidamente veio o nome Romam na minha cabeça. Me virei para o homem baixo que me fuzilava com o olhar e fiquei paralisado de medo. Aquele era o demônio chamado Rato.
Tuna, Deusa do Limbo, San Romam, representante do Reino do Céu e Rato do Inferno. Mal podia acreditar! Foi Tuna que iniciou aquela estranha conversa:
- Sei que está chocado em nos ver, mas infelizmente não me contentei em ficar no Limbo observando todo o universo e não vir aqui, conhecer pessoalmente, o meu Criador. Tenho perguntas a serem respondidas.
- Mas... você não sabe de tudo?... Digo, você é uma Deusa. Conhece passado, presente e futuro e pode mudá-lo se assim quiser... julga todas as almas...
- Sim! Eu sei disso tudo. Mas quero saber sobre você! Uma pequena entrevista! Posso começar?
Rato, impaciente, resmungou algo e resolveu esperar fora da lanchonete (acho que ali não era um ambiente para ele). O anjo simplesmente desapareceu alegando ter outras ocupações. Respirei fundo e, apesar da emoção, consegui me acalmar. Dei a primeira mordida no duplo hambúrguer e balancei a cabeça concordando. Até pensei em oferecer o lanche para ela, mas logo desisti da ideia. Era uma Deusa, afinal.

1 - Como e quando foi que você nos criou?
A história da Trindade se iniciou em 1994 quando estava terminando o curso de quadrinhos no Sesc de Santos pelo professor José Siqueira Leite Junior. Na época eu desenhava diversas páginas de HQ e montava vários fanzines. Curtia muito desenho e não parava de criar, pois assistia muitos filmes, séries e desenhos animados.
2 – Eu surgi em um fanzine? Não posso acreditar. Como era isso?
No começo eram 3 personagens bem diferentes. Você, Tuna, era uma experiência genética do Governo, irmã de Rato. O terceiro personagem era um alienígena chamado Poison. Foram 8 histórias produzidas até 2005. Os fanzines eram preto e branco, feitos em cópias de xérox, do modo tradicional como deve ser. Com as revistas fiz diversas exposições na Gibiteca de Santos.
3 – Eu era irmã de Rato??? Inconcebível! Como pode fazer isso? Como assim? Por que as mudanças?
Em 2010 eu decidi que a Trindade deveria tomar um rumo certo. Foi aí que tive a ideia de fechar uma história com começo, meio e fim. Para isso tive que dar uma repaginada em todos os personagens. Você se tornou a Rainha do Limbo que tem o trabalho de julgar as almas. Rato ficou com o mesmo visual, porém sua origem passou a ser no Reino do Inferno. San Romam já tinha aparecido em algumas histórias dos fanzines, mas tomou o lugar de Poison na Trindade. O dragão da história ganhou o visual do alienígena. E assim comecei a escrever a história definitiva da Trindade que se tornou um projeto completo.
4 – Como é esse projeto?
Como fui influenciado pelos filmes e séries, sempre tive o sonho de ter um filme com o meu nome e porque não o fazer com os meus personagens? Para isso precisava produzir a história em diversas mídias diferentes. Comecei o projeto em 2011 e até agora consegui finalizar um livro, confeccionei a Graphic Novel, fiz a sua estatueta e participo de eventos sempre que possível. E tem também o site oficial www.projetotrindade.com.br
5 – Uau... tem uma estatueta só minha!... Mas você fez tudo sozinho? Não teve ajuda?
Bom... todo o trabalho eu fiz sozinho, mas não quer dizer que não tive ajuda. Como eu já desenhava, a HQ foi totalmente produzida por mim: roteiro, desenho, arte final e cores. O livro saiu do roteiro da HQ. Trindade, Uma Jornada Além da Morte foi publicado pela Editora Madras com ajuda da minha mãe Maria Rosa. As estatuetas eu mesmo procurei fazer através de curso e tutoriais na internet.
6 – E sobre os eventos?
Depois que o livro foi lançado na Bienal do Livro SP em 2014, foram mais de 30 eventos com a participação do projeto. Já participei do MegaCon em Curitiba, JediCon em São Paulo e vários eventos de anime e geek pela Baixada Santista, incluindo a Santos Comic Expo. A cada evento o número de leitores ia aumentando. Na última semana participei do Festival Geek em Santos e tive a surpresa de que muita gente estava me acompanhando na escalada do meu sucesso. Tudo graças a eles!
7 – Eu já sei, mas tenho que perguntar: o que acha que o futuro lhe reserva? Qual seu Destino?
Atualmente estou realizando uma campanha no Catarse, no site www.catarse.me/projetotrindade, onde realizo um financiamento coletivo para a impressão em quantidade da Graphic Novel. A campanha vai até o dia 07/09/2017, meu último trabalho aqui no Brasil. Em 2018 estarei levando o projeto para a Europa para ampliar o raio de divulgação do livro. A partir daí, só você sabe o meu destino!
O meu lanche já estava no final. Já estava com uma avalanche de ideias para várias histórias depois daquele fantástico encontro. Tuna olhou nos meus olhos, tocou minha testa com a ponta de seu dedo e disse:
- Você vai conseguir tudo o que sonha. Pode não ser nesta vida ou na outra, mas com certeza um dia você terá o reconhecimento que merece!
Nesse momento, o meu amigo, dono da barraca de lanches aparece e diz:
- Tudo certo, colega? Está aí faz tempo e mal tocou na comida!
Foi aí que percebi que a cadeira da minha frente estava vazia. Nem sinal de Tuna. O sanduíche estava inteiro no meu prato. Olhei o relógio e vi que tinha passado 15 minutos depois que o lanche havia sido servido. O que tinha acontecido não podia ser real. Ou era?
- Acho que você anda trabalhando demais!.... – Disse o meu amigo dando as costas e rindo alto.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

MÚLTIPLO 11 - SETEMBRO DE 2017

MÚLTIPLO 11 CHEGANDO COM UMA SUPER ENTREVISTA COM O CARTUNISTA "BIRA DANTAS", CONTANDO UM POUCO DE SUA TRAJETÓRIA NO MUNDO DAS CARICATURAS E DOS QUADRINHOS. O FANZINE TRAZ MUITA HQ, ILUSTRAÇÕES E ARTIGO DE ÁGATA DESMOND. TAMBÉM NESTA EDIÇÃO MUITO MAIS AGENTE LARANJA!

Múltiplo 11 by André Carim on Scribd





IMPRESSO NO CLUBE DE AUTORES ATRAVÉS DO LINK: www.clubedeautores.com.br/book/240309--MULTIPLO_11

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

LIVRO / PESQUISA PÓS DOUTORADO "PRIMAS"

Gostaria de solicitar divulgação e/ou aquisição do meu livro/pesquisa do Pós Doutorado em Sociologia, que realizei entre 2013 - 2016. O resultado se chama Primas e está em campanha de financiamento internacional pelo Kickstarter.

Estamos em reta final em campanha de financiamento e gostaria de solicitar sua ajuda no compartilhamento dessa campanha.

Segue link e desde já te agradeço se puder divulgar.

Muito obrigado!

https://www.kickstarter.com/projects/1517309735/primas-a-journalistic-graphic-novel-about-prostitu

Prof.Dr. Alberto Ricardo Pessoa
Professor Permanente do Programa de Pós Graduação Comunicação da Universidade Federal Paraíba

Primas - uma novela gráfica jornalística sobre a prostituição
Uma novela gráfica de 112 páginas sobre uma jovem mulher que faz escolhas de vida desafiadoras em uma área pobre da Paraíba, no Brasil.

Colocar um! Vagabunda!

Rosa carrega nomes como estes enquanto luta para fazer o seu caminho como uma prostituta em uma das comunidades mais pobres do Brasil. Com ilustrações impressionantes, Primas abre uma janela para seu mundo de sexo e violência, amizade e família.

A novela gráfica explora a questão da decisão pessoal versus vítima de circunstância . O trabalho sexual pode ser uma escolha de carreira necessária em uma área que oferece poucas oportunidades para as mulheres?

Artista e educadora, Alberto Pessoa cria um retrato de Rosa que é macio e cru. Sua primeira novela gráfica Primas é baseada em pesquisa de campo e entrevistas realizadas em parceria com sociólogos da Universidade Federal da Paraíba.



PRIMAS CREATIVE TEAM

ESCRITA E ILUSTRAÇÃO por ALBERTO PESSOA, doutorado
em pesquisa de LORELEY GARCIA, assistente de doutorado
por ANDRÉ LUIZ, CAROLINA BERNARDINI, ALEXANDRE CÂMARA e RUAN CABRAL


EQUIPE DE PRODUÇÃO DE STACHE

GESTÃO DE PROJETOS por ANTHONY MATHENIA
INGLÊS LOCALIZAÇÃO por JORDAN WILLIAMS
COPYEDITING por MARTA TANRIKULU e BENJAMIN HALL

domingo, 20 de agosto de 2017

DIVULGAÇÃO DO ESPECIAL DA AGENTE LARANJA

Uma ótima resenha do blog "Mensagens do Hiperespaço" do fanzine especial ADRIANA, A AGENTE LARANJA. O meu muito obrigado ao amigo Cerito Silva.



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Micro Entrevista: WATSON PORTELA

Watson Portela nasceu em Recife, Pernambuco. É um dos grandes desenhistas nacionais e fã dos quadrinhos de C. C. Beck, artista americano que acabou influenciando seu traço.

É o autor das elogiadas séries de FC/Fantasia “Paralelas” e “Voo Livre”, publicadas em várias revistas e no fanzine Historieta, de Oscar Kern. Estreou com uma HQ histórica para a Ebal de Adolfo Aizen, que jamais foi publicada. Em 1975, participou de concurso caça/talentos promovida pelo "Gibi Semanal", da RGE. “Em 1976, o Otacílio Barros (Ota, editor da Vecchi) pediu para eu dar um pulinho no Rio de Janeiro, pois queria me conhecer. O Lotário Vecchi (dono da empresa) também era fã dos meus trabalhos”, recordou. “Mudei para o Rio de Janeiro ainda em 1976 e comecei a trabalhar para a Vecchi. Fazia o ‘Chet’. Lembro que foi antes de completar 26 anos, em outubro”. Em 1979, publicou em “Spektro”, da Vecchi. Não parou mais. Fez terror, erotismo, western, humor e super-heróis para Grafipar de Curitiba (para onde se mudou na época), Press Editorial, entre outras editoras. Dono de traço ímpar, seus desenhos fizeram a cabeça de toda uma geração. Contratado pela Editora Abril, passou a desenhar "Os Trapalhões", "Disney", "He-Man", "Jovem Radical" e HQs para a clássica “Aventura & Ficção”, além de várias capas icônicas para as revistas de linha da Abril.


Entrevista


Ecos da Vida é um fanzine que marca sua volta ao mundo das HQs? Como surgiu a ideia e o que o leitor encontrará em suas paginas? O que planeja para os próximos números?


Não. É só uma publicação que quis fazer por amor aos independentes. Sempre gostei de fanzines e, claro, participar com o meu, é muito legal. Como expliquei no Facebook, minha arte não é adequada para HQs de terror, então criei a série “Ecos da Vida”, cujo tema é mais “sobrenatural”. Olha... Ainda nem comecei a vender, como posso “planejar” outros Há,há,há,há...


Podemos sonhar com uma volta do mestre a prancheta e material inédito a curto ou médio prazo?


Eu diria que em curto prazo, não. Mas a longo prazo, tem outra revista inédita, que será publicada.


Serviço:


Ecos da Vida 1, de Watson Portela. Fanzine de 52 páginas, capa colorida e miolo PB, com produção gráfica e acabamento da Atomic Print. Pedidos: watsonportela@gmail.com

HQ "Visitantes Noturnos" - ADRIANA, A AGENTE LARANJA E ENEMUS

Uma parceria inusitada, ADRIANA, a AGENTE LARANJA e ENEMUS, personagem de Marcos Gratão