Entrevista com Watson Portela
O que é ser quadrinhista no Brasil?
Ser quadrinhista no Brasil é um grande desafio, devido à falta de investimento por parte das Editoras nas publicações.
Considera o seu trabalho em que gênero de HQs?
É muito abrangente.
Nos anos 70 pintou capas para LPs, como o álbum “Até a Amazônia”. Como se deu essa experiência e o que ela lhe trouxe de bom?
Prefiro me abster
Como foi ganhar um fã-clube nos anos 80? Ele ainda está ativo? O que representa para você?
Foi uma experiência fantástica! Infelizmente não tenho essa resposta. O fã-clube foi uma bela homenagem que recebi dos leitores.
Suas HQs versavam sobre cangaceiros e o sertão nordestino. O que pode nos falar sobre essa etapa de sua carreira?
Sempre procuro em meus trabalhos, valorizar os elementos da cultura regional.
O que é a Graphic Novel "Cabeça Oca e os Elfos de Terra Ronca"? Publicou essa obra? Como foi fazer esse trabalho?
É um trabalho infantil de autoria do Chistie Queiroz desenhado por mim. O trabalho surgiu a convite do mesmo. Foi um desafio, justamente por ser um trabalho infantil.
Na época que trabalhou para a Editora Abril, que trabalhos se destacaram?
As capas ocuparam por longo tempo lugar de destaque entre os leitores.
Houve reconhecimento da editora e dos leitores?
Sim!
Dos gêneros que desenhou, com qual se identificou mais e porquê?
Ficção, pela liberdade de criação.
Nos fale de Tex, como foi trabalhar com esse quadrinho?
Eu só fiz a capa do Tex (apenas uma revista).
Como foi fazer HQs de ficção científica? Cite o trabalho mais importante.
Todos foram igualmente importantes, não existe um específico.
Quanto ao trabalho com a ficção, foi gratificante.
Quais suas referências mais importantes?
Moebius, Sérge Clerc, Ergé... outros.
Yves Chaland, Meziéres, e Andre Blank-Dumont,
O que seria o visual Heavy Metal de suas HQs?
A princípio apenas uma alusão ao movimento.
Fale sobre “Paralelas”, o que é e sobre o que falavam?
O Paralela foi uma série de ficção que revelava a realidade extra-sensorial que mais tarde seria feita em revistas, sob o nome “Paralelas” no plural.
O que era a “inversão de páginas” de suas HQs? Fale sobre “Silêncio Eterno” e “Alice no País da Loucura”.
Uma das loucuras que não sei explicar. São histórias que me vieram a cabeça. Alice foi inspirado no conto “Alice no país das maravilhas”
Poderia nos falar sobre a obra “Adolfo Aizen”, que, segundo informações que eu tive, nunca foi publicada? Por que?
Caçador de Esmeraldas cujos originais foram roubados.
Em quais editoras trabalhou e o que poderia nos falar sobre cada uma?
Em todas, de pequeno e grande porte.
Como vê a fase que desenhou Tex? É considerado o autor da lendária “Capa Brasileira” do Tex? Fale sobre isso.
Eu nunca desenhei Tex. Apenas fiz a capa. (Uma capa).
Algum fato curioso sobre esse trabalho?
Eu fiz a capa invertida e depois, ela foi corrigida.
Você me disse que está aposentado. Nenhuma chance de um retorno aos Quadrinhos?
Não!
Alguma mágoa com o universo independente e formal de HQs no Brasil?
Nenhuma!
Faria algo diferente na sua carreira?
Não! Deixaria tudo exatamente do jeito que está.
Como vê a HQ hoje no Brasil? Acredita em perspectivas favoráveis?
Acredito nos alternativos. São eles que fazem HQs hoje no Brasil.
Qual seu último trabalho e o que te inspira?
Ecos da Vida. Os causos contados por minha mãe. Não trata de “história de terror” porque o meu estilo de desenho, não é compatível com esse tema e também, queria sair um pouco da ficção. Sem a obrigação de cumprir prazos, já que não foi feito para nenhuma editora.
Algo a ser compartilhado com os leitores e com seus fãs?
Sim! Concluindo as comemorações de 50 anos de desenho, agradeço aos fãs pelo carinho.
Breve currículo.
WATSON PORTELA
BIOGRAFIA RESUMIDA PELO AUTOR
Watson Barroso Portela (Camaragibe, Pernambuco - 18 de outubro de 1950) Filho de Petrônio Portela e de Suzete Portela Costa. Desenhista, jornalista, poeta, roteirista, contista. Mestre na Arte dos. Mestres como Yves Chaland, Mike Allred Miziére, e Andre Blank-Dumont, serviram de referência foram referência na definição do traço do artista.
Mestre na Arte dos Quadrinhos, assina também como "Barroso" e "Helga". É um dos grandes desenhistas nacionais que possuem um trabalho consistente. Quando jovem Watson era fã dos quadrinhos de C. C. Beck, artista americano da escola “linha clara” que acabou, afinal, influenciando seu traço.
Foi um dos primeiros a se destacar no cenário quadrinhístico da década de 80, em meio a hegemonia do gênero super heroístico americano. Seu trabalho mais conhecido do grande público é o álbum "Paralelas" e "Voo Livre". Watson iniciou seus trabalhos em fanzine e mais tarde teve sua arte publicada em diversas editoras como RGE, Vechi, Graphipar, Maciota (Ex - Press Editorial), Abril, Porrada, Vidente e Ópera Graphica.
Sua primeira obra profissional foi uma HQ histórica para a Ebal de Adolfo Aizen, que jamais foi publicada. Em 1975, participou da caça de talentos promovida pelo "Gibi Semanal", da RGE (1). “Em 1976, o editor dos gibis da Vecchi, pediu para ele dar um pulinho no Rio de Janeiro, pois queria conhece- lo. O Lotário Vecchi [o dono da empresa] também era fã dos trabalhos dele: - “Mudei para o Rio de Janeiro ainda em 1976 e comecei a trabalhar para a Vecchi. Fazia terror. - "Lembro que foi antes de completar 26 anos, em outubro”. Em 1979, publicou em “Spektro”, da Vecchi. Então não parou mais. Fez terror, western, erotismo, humor e super-heróis para Grafipar de Curitiba (para onde se mudou no ano de 1980), Press dentre outros. Dono de traço ímpar, seus desenhos fizeram a cabeça de toda uma geração. Foi o papa do quadrinho de ficção brasileira dos anos 80. No dia 01 de abril, de 19987 Foi contratado pela Editora Abril, indo morar em São Paulo com a família.
Agradeço o seu carinho em responder a essa entrevista. Como te falei, diversos leitores e quadrinhistas sempre perguntam se não vou publicar algo seu ou alguma entrevista, pois assim como eu, o considero um mestre dos quadrinhos nacionais.
Eu é que agradeço pelo carinho e consideração. Obrigado!
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