Sinal dos tempos também no Universo de HQs nacionais. Já foi o tempo que tínhamos limitações no que se refere à produção de quadrinhos, artigos, caricaturas, entre outras formas de expressão. Hoje a produção de quadrinhos nacionais extrapolou todos os limites físicos e veio se abrigar on-line, em blogs, redes sociais, grupos entre outros.
Os fanzines surgiram como um movimento de resistência numa luta árdua contra o monopólio das grandes editoras americanas que nos impunham a produção de quadrinhos vindos dos Estados Unidos.
As edições eram distribuídas a todo custo pelos correios, o que gerava uma expectativa muito grande no retorno de cada edição, o que representaria para o leitor aquela produção que lhe chegava às mãos de forma tão demorada?
Os fanzines resistiram e transcenderam também os limites da distribuição, e agora estão aí, bem ao alcance de um clique do mouse, e se transformaram muito mais do que um movimento de resistência, hoje eles são um canal de escape para os artistas que necessitam produzir e divulgar o seu trabalho de forma massiva, que atinja o maior número de leitores e amantes dos quadrinhos (entre outros gêneros, claro), bem como propagar o artista nacional além das fronteiras físicas.
Como já disse em outras oportunidades, é muito bom sentir o cheiro do material impresso, mas muito mais importante é demonstrar que estamos vivos e atuantes, buscando um reconhecimento maior por parte de todos.
Uma nova mentalidade necessita surgir daí, onde cada um dê a sua contribuição para o fortalecimento de todos. Fanzines de qualidade e conteúdo ainda são raros, mas os editores querem mudar isso, tornando cada edição um grito pedindo passagem.
Temos grandes exemplos de que a perseverança e o amor aos Quadrinhos podem vencer o tempo, e estão ao alcance de todos, seja impresso, seja on-line. Posso citar dois: O Quadrinhos Independentes, do amigo e editor Edgard Guimarães, e o Tchê, do amigo Denílson Reis, que estão aí na ativa há mais de dez anos.
Não poderia deixar de citar um dos maiores ícones de resistência que eu tive o prazer de conhecer: Flávio Calazans. Flávio não se cansa de nos brindar com excelentes trabalhos, seja HQ, ilustrações ou como no trabalho que está finalizando, a Cartilha de Direitos Autorais. Um batalhador pela divulgação e pelo reconhecimento dos trabalhos de quadrinhos no Brasil. Um amigo sempre disposto a colaborar bem como a aceitar qualquer trabalho que siga pelo caminho da busca pela excelência.
E o que dizer de Laudo, amigo de tantos fanzines, um bravo com tantos excelentes trabalhos; e Omar Viñole, um expert em cores e ilustrador de primeira, um amigo sempre pronto a atender um pedido de fanzine. Dois ícones, dois grandes amigos, que povoam o mundo alternativo, mas que se aventuram também pelo mundo editorial.
Que outros ícones surjam, que os “velhos” artistas venham fazer parte com a gente dessa busca incessante pela qualidade e pela periodicidade. Não me canso de buscar essa qualidade, que você possa refletir e me acompanhar nessa jornada...
André Carim
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