segunda-feira, 3 de julho de 2017

FÓRUM - "REFERÊNCIAS NOS QUADRINHOS" - MÚLTIPLO 9

Fórum – “REFERÊNCIAS NOS QUADRINHOS”
Mais um fórum de debate e opiniões, agora sobre o Uso de Referências Biográficas, Bibliográficas e de Imagens, e também a importância da Tecnologia nos trabalhos de roteiristas e desenhistas... participe você também da discussão... vamos lá então? Com a palavra...
Júlio Shimamoto
Evito referência de imagens como o diabo foge da cruz, Carim! Prefiro errar que copiar, salvo exceções. Para desenhar helicópteros, tanques, armas, animais, aí pesquiso em fotos ou na internet. 90% do que você viu de figuras de gente foi imaginado, sem modelos. Isso solta o desenho e acentua a dinâmica dos movimentos. Sou antirrealista, como pode ver nos meus trabalhos, e gosto da penumbra que acentua a dramaticidade, seja em P&B ou em cores.

Mike Deodato
Uso referências de imagens, sim. Gosto de tirar fotos para referências de poses, sombras, expressões, etc. A tecnologia melhorou basicamente minha velocidade. Estou, pelo menos, três vezes mais rápido.

Gazy Andraus
André, eu não costumo usar referências de imagens. Muito raramente o faço, pois, minha premissa é desenhar ouvindo música e “abrir” meus canais de intuição para me conectarem ao ato de desenhar, e quando o consigo, incrivelmente as formas nos desenhos e aquilo que intento mostrar aparecem sem que eu precise de referencial. Similar ao que podemos aferir ao vermos os desenhos “rabiscados” do Henfil – em que ele mesmo já disse que quando lhe pediam para desenhar algo como um carro, por exemplo, e isso não estivesse no contexto de sua criação, sairia muito ruim (segundo ele), mas que o mesmo carro resultaria ótimo de quando o fazia se no elaborar de sua HQ o momento pedisse isso. Mas independente disso, vez ou outra, eu uso algum referencial, claro. Com relação à tecnologia, melhorou, porque, no meu caso, embora a use pouco, no Photoshop, como exemplo, posso dar efeitos especiais e reticulagem nos meus desenhos, isto sem falar do programa 3DBuild do Windows 10 no qual eu retrabalho minhas artes dando volume e nuances como se fosse uma HQ ou ilustração pronta para ser impressa em 3D.

Glauco Torres Grayn
Eu acho que o novo sempre vem, e sim me ajuda, pois, a extensão da minha arte é uma vertente de mim, e assim não devo impor limites sobre os meus pensamentos, significa que a tecnologia nas artes é a Eolítica que nos conduz a frente sempre. Quanto as referências, eu criava muito, depois no amadurecimento por técnicas de artes mistas, usei de tudo, principalmente modelos vivas.

Francisco Dourado
Não desenho profissionalmente, mas esse negócio de referência de imagem, é preciso um "freio", pois de vez em quando, a gente se depara com as mesmíssimas posições de cena. Salvo em casos clássicos em que o artista faz uma homenagem à uma cena incrível que já virou história etc.
E tecnologia, se o sujeito não a domina é melhor ter a humildade de pedir a um arte-finalista para fazer o trabalho e evitar visuais "estranhos" que a gente vê em muitas HQs de papel ou virtuais.

Érico San Juan
Mas vamos lá. A tecnologia me fez mudar de suporte, apenas do papel e tinta para o computador, do lápis e pincéis para o mouse. O traço é o mesmo, a proposta a mesma.

Denílson Reis
Oi André! Não sei se entendi sua primeira questão, mas vamos lá. Sempre que pego algum texto em livro ou internet, cito a fonte. Quando publico imagem de algum desenhista coloco o nome dele, e se possível um contato. Acho importante fazer estas citações, pois valoriza o trabalho de quem fez, principalmente quando o trabalho não é remunerado, caso dos zines e revistas que eu edito, onde tudo é produzido na camaradagem como nos velhos tempos do século passado. Não sou desenhista, mas quanto a tecnologia, ela ajudou muito na produção dos zines e das revistas. Hoje podemos recortar, copiar e colar e fazer ajustes de forma bem mais exata do que na época da cola e da tesoura. Montar um zine ou uma revista nos programas de edição dá para fazer certas diagramações que na época da montagem analógica não conseguiríamos.

Danielle Barros
Oi André! Eu uso referência de fotografias às vezes para fazer meus desenhos, principalmente para anatomias. Quanto à tecnologia, as fotos ajudam muito e a pesquisa de imagens na internet são importantes. Meus desenhos são feitos ao modo tradicional, não domino o uso de softwares para edição e criação de artes digitais, então depois de fazer a arte com caneta nanquim, o que faço é escanear o desenho e pronto. Particularmente gosto do ritual de desenhar no papel, mas acho que a tecnologia está aí para ser usada da melhor forma e bom senso.

Sílvio Ribeiro
Quando um artista, seja roteirista ou desenhista precisa superar uma dificuldade no seu trabalho, acho que todo o recurso é válido, desde que tenha o resultado esperado. Conhecimento geral, saber de tudo o que aconteceu e que está acontecendo no mundo também é importante, pois todo o conhecimento acaba refletindo no trabalho, então referências biográficas ou imagens, tudo pode ser usado, dependendo da situação. Quanto a tecnologia, eu estou tentando fazer o caminho inverso, comecei com o lápis e papel e acabei depois me aprofundando muito no Photoshop. Como disse antes, todo o recurso é válido, mas sempre é preciso ter cuidado para não "facilitar" além da conta e acabar se esquecendo que é artista. Sabendo usar a tecnologia ela pode ajudar muito.

Osvaldo Ferreira
Então, respondendo sua pergunta. Eu uso referências frequentemente nos meus trabalhos, elas ajudam a dar um "norte" quando acontece bloqueio criativo, ou até mesmo serve para expandir a visão de determinada postura anatômica, cenário, ponto de fuga, entre outras coisas.
Eu penso que referências são fundamentais para desenvolvimento de técnicas e conceitos para o trabalho e que devem ser sim usadas.
Quanto a tecnologia. Ela é uma ferramenta que está aí para a gente usar mesmo. Não como algo obrigatório (cada um usa da forma que se adaptar), mas cada dia projetam coisas para facilitar nosso trabalho e favorecer a gente a criar o que for necessário para o projeto, com mais velocidade e menos dor de cabeça. E óbvio, isso permite que façamos mais e mais.

Estevão Moraes
Então, eu uso referências de imagens... ajuda muito mas acho que você não pode depender dela o tempo todo. A tecnologia veio para somar na nossa vida, é um meio muito útil para você ser aceito no mercado, principalmente dos quadrinhos.

João Amaral

Sim, existem imagens que vêm diretamente da minha cabeça, mas também costumo usar referências fotográficas, sobretudo quando tenho alguma dúvida em relação a determinada posição, e já aconteceu até fotografar-me a mim próprio para uma imagem que depois me irá ajudar a desenhar melhor. Por isso, penso que se existem referências, elas podem ser úteis no sentido de melhorar o nosso trabalho. Quanto à tecnologia, eu considero-a apenas mais uma ferramenta, poderosa é verdade, mas simplesmente mais uma ferramenta, como o são os lápis ou os pincéis. Claro que, sobretudo no que diz respeito à cor, mudou consideravelmente o meu trabalho, pois tenho uma variedade de tons que de outra forma não conseguiria ter. E, para além disso, permite-me sempre emendar qualquer coisa que não tenha corrido bem.

Fernando Marques
Vamos lá, então: Das duas revistas que fiz (uma publicada, outra ainda não) utilizei bastante referências biográficas, por se tratarem de revistas em que a história da cidade se evidenciava. Na primeira, as referências biográficas foram a chave para a criação da ficção. Já a segunda (a não publicada), é uma revista didática, então só foram abordados fatos históricos nela.
Referência de imagens é quase uma constante no mundo dos artistas de hoje, com a facilidade da internet de buscar esse tipo de coisa. Mas uso-a somente para desenhos artísticos. Para os trabalhos de tirinhas e passatempos, não.
Quanto à tecnologia.... É um remédio amargo. Veio para facilitar nosso trabalho, mas... colocou no mercado muita gente que só o faz justamente pela facilidade, pois se fosse só por causa do talento, ainda estaria engatinhando. Mas não é só no setor de desenho. Também sou radialista e DJ, e a tecnologia colocou no mercado gente que se acha fera, mas na verdade só o é (se é que é) por causa das facilidades que a tecnologia dá. Pronto... falei!

Rubens Francisco Lucchetti

Eu não sou desenhista. Sou roteirista e ficcionista. Mas, tentando responder o que perguntou: como ficcionista, utilizo-me de tudo aquilo que li e vi em minha vida. Inclusive, as minhas próprias narrativas, em que cada história tem relação com outras histórias. O que procurei criar nestes 75 anos de atividade ininterrupta foi um grande universo. Novas tecnologias foram criadas para auxiliar, mas pelo que vejo elas estão acabando com a criatividade. Um abraço e um bom domingo.

Marco Aurélio Azevedo Santiago

Então... essas máquinas ajudam, são práticas, e o que você muitas vezes não tem condições de se fazer numa folha de papel, essas máquinas fazem. Mas, eu ainda sou da velha guarda, prefiro o papel, mas, não descarto a possibilidade de um dia praticar nessas máquinas. De qualquer forma, isso é para quem está no mercado, de um modo geral. Como eu não estou, digo, de modo profissional para grandes editoras, me dou ao luxo ainda de usar o velho método de desenhar no papel mesmo. Bom, é isso, grande abraço a todos do Múltiplo

Ronilson Caetano Leal
Eu uso as duas, porque gosto de fazer coisas mais realistas, e eu não sei sobre todos os assuntos, ou como desenhar tudo. Eu acho que tudo que puder enriquecer o seu trabalho é bom. O leitor merece sempre o melhor, é nosso dever gerar entretenimento agradável e divertido.

Carlos Henry
As vezes uso referência fotográfica. Penso que, feito na medida certa, é bom, mas, não se habituar muito, para não virar uma muleta e se acostumar mal. Ainda estou engatinhando na minha mesa digital Bamboo Connect. Ainda quero experimentar o Paint To Sai, que tem um estabilizador de traço, que deixa ele mais firme e elegante. Fiquei sabendo que o Photoshop agora também tem. Isso só ajuda na velocidade da produção, já que ao mesmo tempo que se faz a arte, já fica com tratamento de traço preto. Também hoje com envio por e-mail, posso enviar a mesma HQ para 3 publicações diferentes e sem gastar com cópias e envio no correio.

Osvaldo Sequetin
Acho que qualquer tipo de referência, seja biográfica ou fotográfica, enriquece seu trabalho. E mais ainda, as duas juntas podem lhe proporcionar um ótimo resultado. Quanto à tecnologia, creio sem dúvida alguma, que veio melhorar muitos aspectos na arte. Mas isso não impede que eu curta desenhar no processo tradicional. O mais importante é saber tirar proveito, sem preconceito, de qualquer avanço tecnológico, desde que lhe satisfaça artisticamente. Lembre-se que para um homem das cavernas desenhado nas rochas, lápis e papel, é um super avanço tecnológico. Abraço!

Flávio Almeida
Oi, André. Raramente uso referências biográficas em minhas HQs. Referências de imagens, só as que eu tiro com a minha própria máquina digital. E não sigo muito à risca a própria imagem. Sempre tem um toque criativo, uma coisa que não tinha na imagem. A rapidez da tecnologia melhorou muito o processo criativo. Mas, mais na finalização da HQ, com fontes de quadrinhos, no lugar do letreiramento feito à mão, por exemplo. Mas o roteiro, peça-chave em qualquer HQ, esse continua a ser bem artesanal, inclusive com travamentos. Como eu faço os próprios roteiros de minhas HQs, sei bem o que é isso.

Lafaiete Nascimento
As referências - sejam elas visuais ou bibliográficas - sempre existiram, o que mudou foi o acesso a elas. Com o advento da internet, qualquer informação está ao dispor sem que haja uma busca muito demorada. Uma facilidade que acredito seja muito positiva para qualquer artista.
Dani Marino
Se eu uso referências? Eu não tenho escolha como pesquisadora, do contrário é plágio. Então sim, uso, cito e dou o crédito do autor.

Silmar Oliveira
Boa noite André, uso as referências muito da fotografia e mesmo pessoas do dia a dia, observo um geral, a tecnologia as vezes ajuda, mas também atrapalha, mas o caminho é ter equilíbrio em cada uma das coisas, mas para mim o desenho é importante, desde que comecei a trabalhar com charges para um jornal, em 1995, que tive que criar para um jornal aos 11 anos de idade, amo desenhar, é minha vida. Já trabalhei com caricaturas, HQs, projetos. Até modelos nus. Já trabalhei como professor de desenho no SENAC/SC e um atelier de pintura. Hoje trabalho com o realismo, retratos de pessoas. Para vários lugares do mundo, São 21 anos trabalhando profissionalmente com desenhos.

Nei Lima
Para um trabalho de ilustração há que se usar referências de imagens, por mais que o desenhista seja um craque na anatomia ou em desenhos de paisagens, tem que haver uma referência. Não sei se a pergunta foi para quem desenha...
A tecnologia veio e ajudou e muito nos trabalhos atuais. Apesar de alguns de nossos colegas ainda preferirem apenas o papel, e por que alguns não se adaptaram à tecnologia, o que acredito ser uma mínima porcentagem, temos a vantagem de economizar no gasto da compra em papéis e tintas, cada vez mais caros e raros, por serem importados. Eu consigo resolver um trabalho apenas usando o Photoshop, que é uma poderosa ferramenta de trabalho e não deixa sujeira ou requer um espaço maior no ambiente de trabalho.

Juvêncio Hilário Veloso
Bom, eu gosto muito de brincar com referência, clichês e frase feitas nos meus trabalhos. Quanto a referência fotográfica também uso, principalmente, pois sou péssimo de memória, então sempre preciso ver alguma imagem para lembrar, como é um liquidificador por exemplo!! Mas nada muito aprofundado nem com imagens ou Referência Biográfica, mais pelo fato de trabalhar mais com tirinhas! Acho super válido e usaria sem problema! A tecnologia ajuda muito, apesar de usar pouco. Na prática foi uma mão na roda fazer o Letreiramento Digitalmente e fazer as montagens das tirinhas, hoje faço os desenhos avulsos e depois monto as Tirinhas no computador!

Geraldo Neto
Sempre uso referência, seja foto, seja até mesmo a arte de outro desenhista. Eu acho o uso da referência essencial e necessário. Quem diz que não usa é desenhista metido a besta... A tecnologia só ajudou, porque antigamente para fazer um desenho de um herói tínhamos que comprar revistas nas bancas... hoje em dia tem de tudo na internet... só não aprende ou evolui quem não quer. Essa geração de hoje deve levantar as mãos para o alto e agradecer por isso.

Gabriel Rocha
Sim, uso referências de imagens e biográficas. Não vejo problema. A tecnologia melhorou as letras, balões e cores do meu trabalho. Facilitou a arte final. Estou com uma HQ do Lagarto Negro de 7 páginas, inédita, que pretendo lançar pelo Múltiplo, como colaborador. (A HQ do Lagarto Negro está nesta edição).

Luiz Gustavo M. Pereira
Com referências, vai depender do trabalho. Pode ser uma descrição escrita e depois procuro imagens semelhantes para estudo. O Pinterest é excelente para isso. E isso responde à pergunta da tecnologia. Uma mesa digitalizadora ajuda bastante. O computador não tira a criatividade do artista, apenas facilita o trabalho. Se não souber desenhar, o computador não fará isso por você. Os requisitos básicos permanecem fundamentais.

Lancelott Martins
Acho que as referências de imagens são importantes para todo artista... A nossa memória icônica, lastreada por centenas e centenas de muitas imagens colhidas, principalmente de quadrinhos lidos, de artes copiadas, como estudo e inspiração, e até mesmo admiração, vão sim construir o resultado de seu aprendizado.... Não é assim na vida?

Antônio Carlos Lemos
Se for usar um personagem histórico, deve-se sim usar referências biográficas. E as referências visuais não são uma novidade, os artistas sempre usaram o próprio cenário a ser representado ou modelos vivos no caso da figura humana. As fotos apenas possibilitaram mais opções, como por exemplo, um artista fazer um cenário de Roma sem jamais ter estado lá.

Rodrigo Eduardo
Uso referências fotográficas. A meu ver, melhora muito o trabalho do desenhista. Eleva as cenas a outro nível de verossimilhança. A tecnologia é uma bênção para nós, os rabiscadores!

Gabriela Franco
Uso ambas, mas como escrevo e não desenho, costumo aproveitar mais as bibliográficas. Teóricos da comunicação/semiótica, filosofia, história, sociologia são as áreas que mais pesquiso.

Luiz Prado
Sim, eu uso referências biográficas e de imagens sempre que necessário, como quando uma posição anatômica que eu não memorizei, penso que são recursos que quando usados de forma correta rendem ótima finalização no trabalho, mas em excesso são prejudiciais para o aprendizado do artista, pois se você foca só em trabalhar com o uso de referências você perde versatilidade de traço e fica "engessado". Quanto ao uso de tecnologias, eu apoio 100% o uso, e sim, isso acrescenta qualidade ao trabalho e agiliza bastante processos, visto que hoje em dia, a maioria dos clientes gostam de possuir um arquivo de backup do trabalho que você produziu. No meu trabalho, com o uso de softwares digitais e tecnologias, eu percebi mais agilidade de produção e qualidade nos acabamentos, além de, é claro, ser mais ágil quando um cliente solicita uma alteração em alguma arte.

Edgar Franco (Ciberpajé)
Sobre Referências: Desenvolvi meu desenho através de inúmeros exercícios usando modelo vivo, e também me baseando em fotos. Nunca quis copiar outros desenhistas, com o passar do tempo passei a desenhar sem referências criando meus seres fantásticos e seus ambientes, no entanto, até hoje, quando se faz necessário, utilizo referências fotográficas como base. Ressalto que, uma coisa é usar referência fotográfica como base, outra é simplesmente manipulá-la em um software, acho que essa segunda prática foge do território do desenho e entra em outras instâncias, mas tudo é expressão. Quanto às referências bibliográficas, são necessárias para a construção de roteiros em todas as instâncias, meu álbum "BioCyberDrama Saga", obra de FC em quadrinhos desenvolvida com Mozart Couto, levou 15 anos de pesquisa sobre o pós-humano e hipertecnologia para ser construída.
Aos desenhistas: O que a tecnologia mudou e melhorou o seu trabalho?
Continuo desenhando tudo em suporte papel, gosto da sensação atávica da caneta sobre o papel, a textura, perceber o papel absorvendo a tinta. Mas com o tempo passei a colorizar 70% de meus trabalhos em cores em softwares gráficos. A vantagem para mim é a possibilidade de testar inúmeras composições cromáticas sobre o desenho, sem o prejuízo de perder "o original", no caso de um erro. Também utilizo o potencial digital das redes para a difusão de meu trabalho e envio de arquivos para editores. Outro detalhe importante é que sempre gostei de composições simétricas e com os softwares o espelhamento permite-me gerar imagens com simetria absoluta. Mas o grande problema das novas tecnologias digitais é o fluxo hiperinformacional que geraram, a produção incessante de imagens técnicas que viciou as pessoas em absorverem instantaneamente cada vez mais imagens sem nenhum critério e sem disponibilizar tempo para aprofundar-se na leitura das imagens. Por isso, conteúdos criados com demanda de tempo e dedicação - como HQs - concorrem com fotos e vídeos banais e se perdem na teia infinita das redes em pouco tempo. Nesse sentido vejo que o material impresso - que poderia ser considerado anacrônico - continua muito relevante, pois quando alguém recebe ou compra uma publicação impressa - livro, revista, zine - certamente irá lê-lo, já quando baixa ou recebe o link de um PDF essa chance diminui muito por conta da tal teia hiperinformacional e sedutora que desvia a atenção do navegante a todo instante.

Alberto de Souza – Beralto
André, no meu caso, como trabalho com quadrinho autoral, sempre tenho o hábito de me reportar a aspectos de minha vivência pessoal e de pessoas ao meu redor. Quando se trata do projeto IFanzine, que coordeno como proposta educacional que se vale do zine como suporte às propostas de produção textual autoral, sempre percebo o quanto os estudantes se sentem mais à vontade para criar a partir de sua necessidade de auto expressão, pois carecem dessa oportunidade de falar de si, de suas angústias e inquietudes. Já o uso de referência fotográfica costumo usar quando se trata de um desenho mais realista o que nem sempre faço quando se trata de desenho humorístico, que tende para a maior estilização, mas, mesmo nesse caso, às vezes, não dá para dispensar o recurso da referência fotográfica, como meio seguro para um trabalho mais eficiente. Sobre a tecnologia, trabalho com design gráfico há mais de 30 anos e os recursos computacionais tiveram grande impacto no trabalho dos profissionais da área, mas, no frigir dos ovos, sempre o diferencial será o talento pessoal e a criatividade, a ferramenta não faz milagres.

Sara Gaspar
A base das minhas artes é o meu pensamento, seja ele um sonho, uma reflexão interior ou exterior. Após as ideias formadas dentro da minha mente, procuro, na maioria das vezes, referências de imagens e vou compondo-as de acordo com meu pensamento. Logo, considero que utilizo as duas referências. As referências biográficas me ajudam demais no meu dia a dia, pois expresso tudo que me sufoca ou alegra o meu interior e me sinto aliviada. No projeto Ifanzine, estamos testando várias técnicas diferentes, e uma dessas técnicas é a inserção da tecnologia, e cada vez que mais testamos, mais vejo o quanto enriquece os trabalhos, seja a pintura digital, os desenhos a partir da bricolagem ou as texturas nos desenhos.

Carlos Brandino
Na medida do possível, eu uso referências biográficas e de imagens, coisa que grandes artistas do passado também faziam. Normal, só não pode ser algo decalcado demais, porque os quadrinhos têm sua linguagem própria. A tecnologia me ajudou mais na hora de limpar ou retocar alguma imagem. Porém me ajudou mais mesmo na hora de balonizar e colorir. Facilita e muito, é muito necessária hoje em dia. Porém, vejo artistas europeus que ainda usam aquarela e fazem seus próprios balões na mão. Admiro muito isso. Mas para isso é preciso ter um tempo livre muito bom.

Eduardo Schloesser
Em meus primeiros tempos, como profissional, eu usava muitas referências fotográficas (mais para me inspirar, na verdade). Com o passar dos anos eu me libertei um pouco disso, a experiência me proporcionou uma certa segurança que me permite prescindir de fotos para executar minhas ilustrações, mas dependendo do grau de dificuldade ainda uso modelos vivos (pode ser a mim mesmo diante de um espelho ou alguém de casa) apenas para não haver dúvida sobre a correta posição de uma personagem. Lógico que para desenhar algo muito específico como um animal ou a fachada de um prédio específico eu recorro ao uso de imagens e também para elaborar os meus álbuns de anatomia. Mas em meus Sketchbooks eu nunca uso referência e evito usar borracha para que meus esboços saiam o mais espontâneo possível. A tecnologia não fez diferença nos meus anos como desenhista, eu ainda uso lápis, papel, pinceis e tintas, não sei nada de arte digital, mas não é preconceito da minha parte, é falta de oportunidade mesmo. Agora, procurar uma referência, como um carro, edificação ou animal, a internet agiliza muito.

Aurélio Gomes Albuquerque Filho

Sim, uso a referência, é uma ferramenta que ajuda muito ao desenhista, aliás, ela sempre ajudou porque já vi desenhistas como Alex Raymond se utilizando delas. Quanto à tecnologia com referência ao meu trabalho ela só veio somar e melhorar, dando mais qualidade, embora, gosto do tradicional.

Esses assuntos sempre estarão em pauta, portanto, você que não participou, mande a sua opinião, explique como realiza o seu trabalho, participe com a gente e ajude a enriquecer a discussão... Novos temas virão fazer parte dos fóruns do Múltiplo, sugira um tema também.


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