Fanzine bimestral de informações e quadrinhos. Maio/Junho de 2017. Editor: Edgard Guimarães, Rua Capitão Gomes, 168, CEP 37530-000, Brasópolis, MG. Fone (35) 3641.1657. E-mail: Edgard.faria.guimaraes@gmail.com. 40 páginas, formato 15x21, capa com detalhe colorido manualmente, miolo PB. Assinatura anual: R$ 25,00. Edição gratuita em PDF no site da Editora Marca de Fantasia.
O fanzine QI, um dos mais longevos fanzines em atividade – ao lado do Tchê, de Denilson Reis – segue imprescindível aos fãs de quadrinhos.
Estruturado no estudo dos quadrinhos, especialmente os clássicos da era de ouro e prata, também publica HQs curtas, cartuns e ilustrações, mas o destaque vai mesmo para a parte jornalística.
A página 3 sempre nos traz a história e biografia de um personagem dos quadrinhos, esmiuçando detalhes sobre sua trajetória editorial. Nesta edição, “O Morcego”, criação de Wilson Fernandes para a editora Roval, em 1972. Herói nitidamente calcado nos clássicos Batman (Bob Kane) e Fantasma (Lee Falk), teve apenas uma edição publicada, tornando esta revista uma preciosidade, um verdadeiro tesouro dos quadrinhos nacionais.
A seguir curiosidades sobre Mickey, de Walt Disney (ou melhor, Floyd Gottfredson). Você sabe quando houve a mudança no desenho dos olhos do personagem, precisamente? Eu também não. Mais um mistério desvendado pelo arqueólogo Edgard. Também é mostrada uma censura nas histórias de Steve Canyon, de Milton Caniff.
Ainda com texto do editor, “Mistura de Estilos” falando sobre estas combinações inusitadas, já vistas em HQs Disney e até mesmo em uma aventura de Zé Carioca de Renato Canini, o maior de todos os Zés Cariocas em minha opinião e de muitos. Quando o desenho acadêmico encontra o cartunesco, cita também a participação de Rodolfo Zalla em uma situação de mistura de estilos de seu “Zorro”.
Lio Guerra Bocorny escreve sobre a revista de “Mazzaropi”. Hoje praticamente esquecido, Amacio Mazzaropi teve papel importantíssimo na cultura brasileira, apresentando o ‘caipira’ típico das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Brasilidade perdida nos dias de hoje, recuperar a memória nacional é outro papel relevante prestado por QI e seus colaboradores.
“A Estranha”, por E. Figueiredo, é uma crônica sobre um dos males do século, que é a impessoalidade e a solidão. Apesar de não falar diretamente sobre HQ, merece reflexão por sua pertinência.
“Fórum”, a seção de cartas e mensagens, é mais do que isso. Simplesmente uma das seções mais importantes do zine, sempre com notícias quentinhas e informações interessantes sobre quadrinhos. Algumas: Luigi Rocco comenta o lançamento dos álbuns de “Pita” e “Piparoti”, personagens de Daniel Azulay (a turma com mais de 40 vai lembrar da Turma do Lambe-Lambe); Shimamoto fala sobre sua participação na revista “Clássicos do Faroeste”, com a adaptação do filme “Matar ou Morrer” pela editora Outubro; José Augusto Pires fala sobre sua edição definitiva de “Terry and the Pirates”; Alex Sampaio comenta o mercado de quadrinhos europeus atualmente, incluindo os álbuns mais vendidos; finalmente, entre tantos destaques, Luiz Antonio Sampaio, verdadeira enciclopédia sobre o assunto comics, dá mais um show de informações e curiosidades sobre o assunto.
A Coluna “Mantendo Contato” de Worney (WAZ), espaço de palpitologia segundo seu articulista, traz sempre assuntos relevantes e desta vez os eleitos são: a nova revista editada pelo ‘papa’ Franco de Rosa, “Operação Jovem Guarda”, de Rubens Cordeiro; a volta do título de “Dylan Dog”, pela editora gaúcha Lorentz; e o lançamento de “Contos do Absurdo”, álbum de HQ da revista digital homônima capitaneada por Daniel Verdi e equipe, pela editora Discovery.
“Edições Independentes”, traz a ficha completa de dezenas de publicações alternativas, com reprodução de capas. Guia seguro para conhecer o panorama dos fanzines produzidos no período, que aumentou neste bimestre. Tem coisas bem interessantes para os curtidores dos fanzines.
Na parte dos quadrinhos e cartuns, destaco as participações de Eduardo Marcondes Guimarães, a brincadeira divertida de Chagas Lima com as “Lendas Brasileiras”, e o cartum da contracapa, de Edgard, sempre com textos inteligentes.
O encarte é mais um presente aos assinantes fiéis da publicação. Uma belíssima HQ do autor português José Pires, “Asas da Coragem”, com capa colorida e miolo PB, que conta a história da primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Inicialmente publicada nos números 18 a 20 de revista “Seleções BD” (2ª Série) entre abril e junho de 2000.
Sempre surpreendente, e mantendo o sucesso do ‘formato’, QI é sempre uma grande diversão, e é isso que importa. Que perdure por muitos e muitos anos.
RESENHA PUBLICA NO SITE DA ATOMIC EDITORA, FEITA POR MARCOS FREITAS em: http://atomiceditora.blogspot.com.br/2017/07/qi-145.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário